
No dia 8 de dezembro de 2020, o ecossistema literário sul-mineiro se reuniu, de forma híbrida: presencial e virtualmente, a partir da cidade de Poços de Caldas, para um balanço acerca da mobilização ocorrida ao longo do ano em prol da criação de uma agremiação literária reunindo intelectuais poetas e ficcionistas, da região sul-mineira, considerando o Sul de Minas e suas franjas. A reunião foi coordenada pela Historiadora e Narradora -Priscila Moraes- que atualmente está como a Conselheira Estadual de Literatura, no Conselho Estadual de Política Cultural do Estado de Minas Gerais, CONSEC-MG.
Ao fim da reunião, assim ela se pronunciou:
“Na trilha literária das mulheres na Serra da Mantiqueira e na Bacia do Rio Grande surge, em fins de 2020, a AFESMIL, a Academia Feminina Sul-Mineira de Letras. Mulheres que vão desde a mulher representada enquanto personagem nos textos literários, passando pelo resgate de nomes e obras perdidas no tempo e assim revisando o cânone literário até a reflexão sobre a condição da mulher/escritora contemporânea, como sujeito da própria história.
A AFESMIL, que hoje está nascendo, não é fruto do acaso, mas fruto de uma gestação secular. Outras gerações ensaiaram a sua existência, a começar pelas sul-mineiras inconformadas com a exclusão de Júlia Lopes de Almeida nos quadros da fundação da Academia Brasileira de Letras, em 1897. E isto quando, há mais de duas décadas e meia, as sul-mineiras já liam e escreviam aqui, em terras sul-mineiras, não apenas sobre temas femininos, mas feministas. Lembrando que a publicação brasileira considerada como o 1º jornal feminista, denominado “O Sexo Feminino”, era dirigido por Francisca Senhorinha da Mota Diniz e editado, em 1873, na Campanha, a cidade-mãe do Sul de Minas, prosseguindo com a iniciativa do fim dos anos 1930 com as discussões sobre a nossa identidade e o nosso patrimônio histórico e artístico nacionais, no governo Vargas. Retomada nos anos 1960 com a incipiente presença em meio universitário e em suplementos literários da literatura feminina e levada adiante com a elaboração de dicionários, nos anos 1990, sobre as escritoras brasileiras. Todas estas tentativas não lograram êxito, mas se configuraram, ao longo do tempo e ao largo do espaço, como as colunas da casa que hoje abriga a AFESMIL, a Casa Bárbara Heliodora.”
Dentre as muitas dezenas de manifestações das lideranças culturais e intelectuais literárias, os presentes escolheram uma declaração espontânea da literata Ctistina Werneck, para descrever a ocasião.
AFESMIL NASCENTE
(Exercício para um Poeminha de Ocasião)
Cristina Werneck
Afesmil
Academia
Feminina
Sul-Mineira
de Letras
Intelectuais
da prosa e do verso.
Ou o inverso?
Intelectuais
do verso e da prosa.
Intelectuais
da arte e da cultura.
Intelectuais
da literatura.
Intelectuais
da escritura e da oratura.
Intelectuais
que lavram a palavra
Mulheres matrizes, geratrizes
que geram palavras
de todos os matizes.
Mulheres milhares
Intelectuais
de muitos cultivares.
Intelectuais
que escrevem
para todo público
infanto e juvenil
adulto e senil.
Poetas e Ficcionistas
Trovadoras e Sonetistas
Versadoras Livres e Haicaístas
Rimadoras Visuais e Concretistas
Cronistas e Contistas
Novelistas e Romancistas
Biografistas e Memorialistas
Roteiristas e Quadrinistas
Articulistas e Ensaístas
Jornalistas e Letristas
Dramaturgas e Teatrólogas
Linguistas e Filólogas
Intérpretes e Tradutoras
Professoras e Pesquisadoras.
Da palavra, lavradoras.
Intelectuais
do e no Sul de Minas
que são, que estão
muito mais
que Gerais.
Eis a AFESMIL NASCENTE!
Poços de Caldas, 7 de dezembro de 2020.
Texto escrito pelo coletivo de presentes à reunião coordenada pela Historiadora Priscila Moraes, associada efetiva do Instituto Histórico e Geográfico do Sul de Minas, Ihgsm, cadeira 41, patrono Professor Geraldo Krauss Serrano.
LINK: https://afesmil.org.br/reuniao-pró-criacao-afesmil